Boa tarde, galera! Então, andei pensando muito em "como estrear minha sessão". Sobre quem falar? Tinha que ser alguém de impacto, com apelo, mas ao mesmo tempo alguém pouco conhecido (e não me refiro a nome, mas à obra em si)... Um turbilhão de idéias passou pela minha cabeça, mas não senti o "peso" necessário em nenhuma delas até que... Liguei meu bom e velho iTunes e fui brincar de organizar as tags das músicas (um vício meu, diga-se de passagem, e que vocês deveriam tentar. É um ótimo passatempo, rs). Coloquei o player pra executar no aleatório e eis que "Brazil" começa a tocar... "BENDITO SHUFFLE!" Caramba, tinha que ser sobre eles o post, claro!
Ladies and gentlemen, é com muito orgulho que dou o pontapé inicial e trago pra vocês... ARCADE FIRE!
Pois é, a banda indie canadense, da cidade de Montreal, foi a melhor escolha pra estréia da coluna. Fundada em 2003 e formada pelo casal Win Butler e Régine Chassagne, Arcade Fire traz a mistura inusitada do garage rock com o baroque pop (estilo difundido hoje pela multipremiada e pimpada banda britânica Coldplay). A banda ainda traz pitadas de orchestral rock, muita poesia e estilo de sobra. Utilizando-se da mistura de instrumentos clássicos do rock (como guitarra, baixo e bateria) aliada a uma imensa gama de outros instrumentos menos comuns (violino, piano, xilofone, harpa, acordeão), AF traz uma abordagem única que os fizeram ser reconhecidos. O destaque fica por conta de performances ao vivo, sendo uma melhor e mais interessante que a outra, diga-se de passagem.
Arcade Fire teve seu reconhecimento em 2011, quando seu terceiro álbum de estúdio (The Suburbs, 2010) abocanhou o Grammy de Melhor Álbum do Ano e o Brit Award de Melhor Álbum Internacional, fato que deu projeção mundial à banda. The Suburbs foi sucesso (indiscutível) de vendas e de crítica e mostrou que em meio a tantos Biebers da vida, ainda existe música boa sendo produzida. Mas o reconhecimento tardio não ofuscou o brilhantismo da banda. Seus 2 primeiros álbuns (Funeral e Neon Bible, 2004 e 2007 respectivamente) tiveram reconhecimento da crítica e ambos foram indicados ao Grammy de Melhor Álbum Alternativo no ano em que foram lançados.
Algumas curiosidades:
- Após apresentarem-se no Brasil durante o TIM Festival, a banda incluiu no relançamento do seu primeiro álbum uma regravação de um clássico da música brasileira - Aquarela do Brasil, do mestre Ary Barroso - com uma roupagem diferente e interpretada em inglês. Fantástico define!
- Seu segundo álbum foi gravado em uma igreja, comprada pelos próprios integrantes, que acharam que a acústica era melhor e daria o clima certo ao propósito do álbum. Excêntrico, mas muito bem pensado. Na ocasião do lançamento do álbum os integrantes tiveram uma ideia fora dos padrões pra divulgar o álbum. Em seu website, disponibilizaram um número de telefone para o qual os internautas podiam ligar e ouvir, na íntegra, uma faixa do CD - "Intervention".
- A banda despertou a atenção de gigantes do rock como David Bowie (que conseguiu pra a banda um contrato de peso com a Merge Records) e U2, onde Bono Vox (frontman da banda) ficou embasbacado com a qualidade do trabalho e convidou a moçada do AF para abrir alguns shows da turnê do grupo pelo Canadá. Além disso, "Wake Up" foi escolhida por Bono como o tema de abertura da gigantesca Vertigo Tour (2005 - 2007)
Funeral (2004)
O
debut album foi lançado em 14 de setembro de 2004 pela
Merge Records, mas só chegou ao Brasil em outubro de 2005 (
Slag Records / Tratore). É um álbum conceitual que, como o título deixa claro, fala sobre morte. Mas não espere algo
dark ou introspectivo, não!
Funeral foi muito bem concebido e é extremamente positivista e otimista, permitindo encarar a "morte" com outra visão. A inspiração do álbum veio de perdas de entes queridos por parte dos integrantes durante a concepção do trabalho. O álbum é recheado de canções que nos fazem refletir e que abusam dos mais variados instrumentos, fazendo jus à
tag "rock alternativo". Foi muito bem recebido pela crítica (
90 / 100 no
Metascore, média feita entre as principais críticas pelo site
Metacritic) e considerado por vários o melhor álbum de 2004.
Neon Bible (2007)
Comparado ao seu antecessor, o segundo álbum da banda (lançado em 5 de março de 2007) experimentou um sucesso comercial absurdo, alcançando o topo da parada canadense e o #2 no
Billboard 200 logo no seu
debut. A primeira música a ser divulgada foi
Intervention através de uma estratégia de marketing bem incomum, porém o primeiro
single oficial foi
Black Mirror. O álbum conseguiu manter-se fiel ao estilo, mas trouxe novas experiências aos ouvintes, com melodias mais aprimoradas e produção de altíssimo nível. Sucesso garantido tanto em vendagem quanto em crítica, conseguindo um
Metascore 87 / 100.
The Suburbs (2010)
O álbum do ano de 2010 foi lançado oficialmente em 2 de agosto de 2010. E a banda manteve o nome e o sucesso de vendas, com o CD estreando em #1 nas paradas canadenses, no UK e no
Billboard 200. Foi o álbum que trouxe o reconhecimento mundial da banda e abocanhou o maior prêmio da música, o
Álbum do Ano na 53ª edição do
Grammy Awards, tendo levado ainda o
Brit Awards como melhor álbum estrangeiro. O álbum manteve-se fiel ao estilo mostrado em trabalhos anteriores, mas diferente dos outros, não trouxe nenhuma "inovação". É um CD excelente e consistente da primeira à última faixa (
Metascore 87 / 100)
, mas é levemente repetitivo e às vezes até cansativo se você não estiver no
mood. Aconselho quem quiser conhecer o trabalho da banda a seguir a ordem cronológica.